10 Considerações sobre O Vitral Encantado, de Diana Wynne Jones, ou porque acreditar na magia

O Blog Listas Literárias leu O Vitral Encantado, de Diana Wynne Jones publicado pela Galera Junior, da editora Record; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - O Vitral Encantado é uma bela fantasia contemporânea marcada pela delicadeza narrativa e por sua simplicidade capaz de encantar leitores, independentemente de suas idades;

2 - Por meio da história de Andrew, uma acadêmico já adulto, o misterioso jovem Aidan, e também da propriedade de Melstone House, a autora promove um reencontro com a magia e com seres encantados, sem necessariamente ter de ir a outro mundo, ou retornar ao passado, pois no livro tal reencontro é possível ao passo que nos permitimos observar para além do nosso próprio mundo;

3 - Por isso o gesto de retirar os óculos para realizar encantos, ou observar as coisas em seus estados mágicos é bastante simbólica, de forma que quando as personagens protagonistas livram-se de suas "cegueiras" permitem-se ver além das aparências;

4 - Além disso, o reencontro com a magia fica ainda mais evidente através de Andrew, um adulto que esquecera dos tempos junto ao avô, um poderoso mágico. É como se por meio de Andrew tivéssemos a representação do quanto perdemos do encanto das coisas ao enveredarmos para o universo dos adultos que acaba deixando remotas as lembranças de uma época em que "a magia" permeia nossos sentimentos juvenis. O retorno de Andrew a Melstone House e as recordações que vão surgindo, de certa maneira marcam um retorno à magia;

5 - E Diana Wynne Jones nos apresenta isso numa narrativa fruída numa prosa cheia de ritmo e dotada de uma sutileza encantadora que nos prende à ação. 

6 - Com isso, os leitores tem diante de si um texto envolvente em que a magia se torna real e possível, através de personagens que senão inéditos, carregam em si toda sua originalidade tornando-os distintos, como o próprio Groil, um gigante bem divertido. Além disso, as contrapartes trazem para o universo real este reino de fadas, numa simbiose que funciona muito bem no texto;

7 - Outro detalhe que colabora para o êxito do livro é o humor que permeia toda a narrativa, seja com sacadas sutis, seja por meio da ação física que causa confusão e problemas nos levando às gargalhadas, como o duelo interminável de Andrew e a Sra. Stock a respeito da posição dos móveis;

8 - Aliás, este talvez seja um dos elementos interessantes do livro: sua aparente ingenuidade. Numa disputa que não grava o destino do mundo, e tampouco representa a épica batalha do bem e do mal, a magia se torna mais encantada e sem uma carga forte, e isso faz uma diferença grande na leitura, pois nos proporciona uma leitura que dentre outras boas coisas, também nos diverte;

9 - No entanto, vale dizer que a solução final do último capítulo me soou um tanto estranha, porque de certa forma acaba resumindo tudo num grande mal-entendido, e com isso fragilizando os nós narrativos que provocaram os movimentos da trama;

10 - Enfim, O Vitral Encantado é uma trama bem humorada (e dum humor bastante inglês), marcada pela ação e pela fantasia, tudo isso num ambiente em que a magia está muito próxima de nós, sem a necessidade de entrarmos em guarda-roupas ou pegarmos um trem. É um livro que acaba nos levando a olhar para o quanto abandonamos a magia das coisas, mas que no entanto ela está aqui, bem do nosso lado. Com certeza, uma boa leitura, independente da idade do leitor.


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